Pesquisadores e especialistas de todo o mundo estudam frequentemente a influência da atividade pecuária no aquecimento global. Dessa forma, eles buscam avaliar o impacto dessas emissões que acontecem a partir do processo digestivo desses animais.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil possui o segundo maior rebanho do mundo, perdendo somente para a Índia. Além disso, é o maior exportador. Ainda de acordo com os dados da ONU para a agricultura e alimentação, a pecuária é responsável por aproximadamente 15% das emissões de gases de efeito estufa, oriundos da atividade humana. Além do mais, é uma das principais fontes de degradação da terra e da água.
Juntamente com o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) também está presente nesses ambientes, pois é formado no solo dos pastos. Ele é gerado principalmente através de processos de nitrificação e desnitrificação, os quais são influenciados pela temperatura, umidade, presença de oxigênio e alguns outros fatores. Essa tríade é a principal responsável pelo aumento do efeito estufa e por conseguinte, a elevação da temperatura média da Terra.
Falando em relação à números, das emissões totais de gases de efeito estufa pelo rebanho global, cerca de 44% é de metano, 29% referente ao óxido nitroso e 27% correspondem ao dióxido de carbono.
Entretanto, apesar destas informações, há quem diga que a pecuária não causa todo esse impacto. A Confederação da Agricultura e pecuária do Brasil (CNA) considera quase desprezível a influência da pecuária para com o aquecimento global. Os argumentos são que, primeiramente, uma boa parte da emissão de metano vem de vulcões e pântanos, ou seja, vem da própria natureza. E o segundo motivo diz respeito a um ciclo, no qual o bovino expele metano e este se transformava em carbono, que é absorvido pelas mesmas pastagens para o processo de fotossíntese. Logo abaixo explicarei esse processo com mais detalhes.
Contribuições para o aquecimento
Atualmente, aproximadamente 65% das áreas desmatadas na Amazônia são ocupadas por algum tipo de pasto. Por este motivo, alguns grupos organizam mutirões para protestar e tentar alertar as pessoas, argumentando que estas carnes são oriundas do desmatamento. E inclusive, eles salientam a possibilidade de contaminação dessa proteína, no qual depende dos processos exercidos anteriormente.
Já a respeito dos bovinos propriamente ditos, é preciso entender que o metano gerado naturalmente pelo seu sistema digestório vai para a atmosfera e após 12 anos se decompõe. Após este processo, esse gás se transforma em CO2 e posteriormente é absorvido pela mesma vegetação que os animais se alimentam. Este processo é conhecido como sequestro de carbono.
Como o pecuarista pode contribuir positivamente?
O manejo e a alimentação podem melhorar ou agravar a emissão desses gases de efeito estufa. Uma ótima possibilidade é a de sistemas integrados, que se baseiam na manutenção e recuperação da pastagem para atingir bons níveis de produção.
Exemplos:
- Sistema lavoura-pecuária: utilização do milho para a renovação da pastagem;
- Sistema silvipastoril (SSP): corresponde à arborização das pastagens com eucalipto;
- Sistema lavoura-pecuária-floresta: onde temos os três componentes presentes, o de pastagem, o agrícola (milho) e o florestal (eucalipto).
Dentro deste sistema, deve-se fazer o controle das emissões, o qual consiste no monitoramento dos gases e do acúmulo do carbono no solo. E ainda, saliento que o correto manejo dos sistemas possibilita a superioridade do sequestro de carbono em relação aos gases emitidos na atmosfera. Ou seja, o processo adequado compensa as devidas emissões.
A busca por soluções inovadoras tem reduzido o impacto, especialmente quando falamos sobre a nutrição dos bovinos. Além de mitigar os problemas ambientais, elas promovem a saúde e o bem-estar animal.
A redução das emissões na pecuária contribui de forma significativa para a diminuição do aquecimento global. Isso divide opiniões, mas é importante reconhecer que devemos sim utilizar soluções sustentáveis, as quais são sempre bem-vindas. Gradualmente, podemos reduzir as emissões e, consequentemente, diminuir todo o impacto gerado.